segunda-feira, 24 de novembro de 2025
E QUANDO EU PENSO NA MORTE DO MACALÉ EU TENHO SOLUÇOS, E OS SOLUÇOS ESTRAGAM MINHA GARGANTA
domingo, 23 de novembro de 2025
BOLSONARISMO, EM FRANGALHOS, ALEGA PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA. E A ARMNINHA, ONDE É QUE FICA?
Pois é, o evangelho dele é o do Armai-vos uns aos outros, e não o do Amai-vos uns aos outros.
Quanto aos pastores evangélicos que embarcaram na canoa furada desse cidadão que de cristão nunca teve nada, Silas Malafaia em primeiro lugar, merecem ajoelhar no milho como penitência... (por Celso Lungaretti)
sábado, 22 de novembro de 2025
PRISÃO DO JAIR BOLSONARO PODE TER EVITADO UMA TENTATIVA DE FUGA. PARABÉNS À VIGILANTE PF!
Não é ainda a morada definitiva do nosso pior presidente de todos os tempos e do responsável (com sua sabotagem à vacinação contra a covid) pelo maior número de homicídios culposos de brasileiros em toda a História.
"Embora a convocação de manifestantes esteja disfarçada de vigília para a saúde do réu Jair Bolsonaro, a conduta indica a repetição do modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu, no sentido da utilização de manifestações populares criminosas, com o objetivo de conseguir vantagens pessoais".
O único senão é que a prisão do Bolsonaro chegou com um atraso de 35 meses. Deveria ter sido decretada logo após o 08.01. Réu mais culpado do que ele, impossível! (por Celso Lungaretti)
sexta-feira, 21 de novembro de 2025
DOIS COMPANHEIROS QUE EU ESTIMAVA MUITO, EXECUTADOS NA CASA DA MORTE
terça-feira, 18 de novembro de 2025
PROIBIÇÃO DA LINGUAGEM NEUTRA É UM ATO DE AUTORITARISMO RIDÍCULO
| Militantes da revolução ortográfica exageraram em suas demandas e os tradicionalistas marcaram pontos |
Nisto e em quase todas as esquisitices do politicamente correto, a minha posição sempre foi a de que precisamos mudar o mundo, não a forma como nos referimos às coisas do mundo.
Não devemos nos iludir, fazendo da rejeição de usos costumeiros um cavalo de batalha, como se o machismo fosse desaparecer bastando que o tornássemos uma palavra interditada.
Continuaria existindo e causando os males que causa, pois sua extinção depende de uma transformação maior da sociedade, conhecida como revolução.
Concordo que a tal linguagem neutra não deva ser imposta ao cidadão comum, pois aí o serviço público estaria servindo para o proselitismo de uma prática que, por enquanto, tem mínima adesão.
Não vejo, contudo, por que não se proíbe o uso da LN apenas no que tenha relações com, ou se destine ao, público externo.
Assim, não se estaria impondo a LN à coletividade em geral, nem impedindo que os adeptos dessa mudança conquistassem adeptos para sua cruzada no ambiente de trabalho.
Transcorridos 57 anos desde as barricadas parisienses, a palavra de ordem É proibido proibir continua tendo muito a ver. (por Celso Lungaretti)
A NOITE EM QUE O BRASIL SE F...
| Da esq. p/ a dir., Ulysses Guimarães, Brizola, Lula (o único ainda ativo), Osmar Santos e Franco Montoro. |
| Apesar da expressiva maioria em favor da emenda Dante de Oliveira, ela não atingiu os 2/3 necessários |
segunda-feira, 17 de novembro de 2025
GRAÇAS À MARIA LIÍZA FONTENELE, O PT CONQUISTOU EM 1985 SUA PRIMEIRA PREFEITURA DE CAPITAL. AÍ A EXPULSOU...
| A simpatia pessoal da Maria Luiza não bastava para obter êxito governando em circunstâncias tão adversas. |
Os meus receios não tardaram a ser confirmados pelo desenrolar dos acontecimentos:
— com 15 dias de governo, as categorias profissionais que haviam conquistado o piso salarial correspondente (graças, em grande parte, à nossa luta) estavam prontas para cobrar a implementação de tais conquistas, embora o orçamento já fosse deficitário;
— a empresa de ônibus de propriedade da prefeitura exigia o aumento do preço das passagens, como forma de cobrir o déficit que vinha sendo subsidiado pela receita da própria prefeitura, cujas finanças estavam combalidas;
— os empresários de ônibus, idem;
| Reunião com o secretariado: abacaxis para descascar |
— as empresas de coleta de lixo, pressionando ao máximo que fossem efetuados os pagamentos em atraso, deixavam, premeditadamente, de cumprir sua tarefa, de forma que o lixo se amontoava nas ruas, tornando insuportável o mau cheiro e o desconforto;
— para completar o quadro, naquele início de ano vieram as chuvas particularmente e precocemente regulares, que aumentavam os buracos sem que as tradicionais verbas federais (era assim que funcionavam as prefeituras ao tempo da ditadura) chegassem. Era uma deliberada tentativa de fazer passar por ineficiente a administração popular recém-instalada.
| Com d. Helder Câmara, detestado pelas elites brasileiras |
— dos métodos e objetivos teleológicos da luta eleitoral;
— da luta pela inserção administrativa no aparelho de Estado; e
— das concepções e objeto teleológico das atuais lutas do movimento sindical (movimento feminista do movimento dos sem-terra e dos sem-teto, etc).
sábado, 15 de novembro de 2025
UM BRASILEIRO CHAMADO REYNALDO LUNGARETTI
Hoje estaria comemorando mais um aniversário. É doloroso pensar em como o destino o tratou mal.
Eu tinha alguma admiração por ele, bastante amor e imensa compaixão.
Sua vida foi praticamente destruída aos 11 anos de idade; passou as sete décadas seguintes lamentando o paraíso perdido, sem nunca ser ser tão feliz quanto então.
Aconteceu assim: meu avô Baptista, mestre de fiação e tecelagem, veio tentar a sorte no Brasil. Trabalhou primeiramente em São Paulo, onde constituiu família. Depois, contrataram-no para comandar uma fábrica no Rio de Janeiro.
Foi o momento mágico da vida do Reynaldo. Gostava imensamente de Baptista, homem forte, altaneiro, mas carinhoso com os filhos, como costumavam ser os italianos. Numa foto amarelada, única que sobrou, ele aparece imponente, com a indumentária que usava em caçadas.
Além disto, havia todas aquelas brincadeiras da molecada de outrora e, principalmente, o campo de futebol ao lado de sua casa. Reynaldo chegava da escola, atirava seu material por cima do muro e caía na pelada. Levava a vida que todo garoto gostaria de ter.
Mas, um operário demitido por Baptista o tocaiou na feira de sábado, baleando-o pelas costas.
Minha avó teve de voltar para São Paulo, onde contaria com a ajuda de parentes. Um deles conseguiu colocar meu pai como empregado no Cotonifício Crespi, fraudando sua idade para burlar a fiscalização. Em 1930, ingressou pela primeira vez no prédio em que trabalharia até 1976.
Conheci essa indústria gigantesca, que ocupava um quarteirão inteiro, na Mooca. À saída, a multidão lembrava a de um estádio de futebol. A área de trabalho mal iluminada, com muita poeira de algodão flutuando. Local deprimente, sufocante.
O menino que vivia feliz e despreocupado, jogando bola dia e noite, herdou, de um momento para outro, responsabilidades de homem da casa. Era este o dever de um primogênito, disse-lhe minha avó, ao enterrá-lo numa fábrica medonha.
Adulto, Reynaldo recitava com tristeza a poesia de Casimiro de Abreu: "Ah, que saudades que tenho/ da aurora da minha vida,/ da minha infância querida/ que os anos não trazem mais". E quando eu lhe conseguia fitas VHS dos mocinhos de outrora (Tom Mix, Hot Gibson, Ken Maynard, etc.), dizia que "agora não têm a mesma graça").
Teve lá seus prazeres e distrações, dançava bem, foi razoável jogador de sinuca, ia no futebol, paquerava na rua da Mooca (o chamado footing, turminhas de homens e turminhas de mulheres passeando pela calçada, até que os mais ousados engatassem um papo, um flerte).
Só se empolgou uma vez na política, com Getúlio Vargas. Chorou no dia de sua morte e guardava um jornal que a noticiou, na mesma caixa de outros marcantes (o do fim da 2ª guerra Mundial, o da conquista da Copa do Mundo de 1958, etc.).
Era contra os patrões e a dominação estrangeira, mas a antipatia por um dos irmãos impostos (minha avó acabou casando de novo, com um viúvo que tinha mais filhos ainda para criar. cinco), comunista dado a discursar aos brados durante as refeições familiares, afastou-o da esquerda. Era complicada a convivência dos oito.
Quando tive de trabalhar alguns meses numa rádio, preparando o noticiário matutino, aquilatei melhor o sacrifício do meu pai, de marchar para o emprego na escuridão da madrugada, quando o corpo pedia mais repouso; afora a dificuldade que ele tinha para adequar-se à mudança do regime de sono, ora uma esticada só, ora dois períodos.
O seu enterro foi a única ocasião em toda a vida em que eu deveria dizer algo, porém as palavras não me vieram. Nada que eu pudesse dizer lhe faria justiça. Gente é para brilhar, disse o Caetano Veloso; mas, o que fazer quando a oportunidade de ouro nunca chega?!
